domingo, 29 de julho de 2007

Pé na bunda dói, mas sara!



Não há como ser morno no fim do que, um dia, chamamos de amor: mulheres soluçam publicamente, homens choramingam para os amigos depois do porre, mas todos sofrem.
No meio da festa ou trancado no banheiro.
Não importa: o negócio é que pé na bunda dói.
Depois de lermos ou ouvirmos aquelas palavras pesadas e desagradáveis, nos perguntamos, tentamos achar uma resposta convincente; mas como terminou?
Raramente o AMOR é derrubado com um tiro só, mais fácil que seja por pequenos detalhes que deixamos de lado e achamos que é bobeira dizemos que vai passar tudo isso é uma fase, mas demoramos a notar, tamanho o costume de estar ao lado da pessoa, tamanha a necessidade de manter as coisas como estão.
Nos acostumamos a tudo - cheiros, hábitos, barulhos, gírias -, ignoramos óbvios sinais de enfermidade.
Essa é a verdade, porque difícil pra caramba assumir o fracasso de algo que construímos como o cuidado com que ergueríamos um castelo de cartas.
Assistir à morte de um amor é como assinar embaixo em um atestado de incompetência: “Eu sou um fracassado sentimental”.
Mas então puseram palitinhos em nossos olhos e fomos forçados a ver o paciente agonizando na UTI. E o vimos morrer, sem termos tempo de fazer mais nada.
E ficamos ali, sofrendo como camelos, achando que nunca mais encontraremos a tampa da nossa panela.
Ou – os mais teimosos leoninos, arianos, librianos, sagitarianos etc... - tentamos ressuscitá-los e depois de um tempo (ou dois ou três tempos, depende do grau de insistência e burrice), percebemos que não sobrou nada mesmo.
Só algumas recordações, fotos, bichinhos de pelúcia...
Daí é a hora de lavar a cara, rever os amigos, freqüentar os lugares de antes e tentar encontrar alguém que te faça rir.
Game over.
Acho que estou ficando perito em fins.
Acho que já acompanhei e tive mais fins de relacionamento que começos.
Sou passional, daqueles que escrevem laudas e laudas em louvor da “falecida”, escuto milhares de vezes a mesma musica que marcou, que choro com a cara enfiada no travesseiro, fico triste. Curto a fossa até o fim, pra nunca mais ter que voltar ao assunto.
Pelo menos aquele assunto.
Não tenho problema nenhum em admitir que sofro.
E morro de pena dos que passam à vida fingindo não se afetar com nada, nem com a visão dela indo embora.
Então acho que está na hora de pararmos de achar de que homem não sofre, não fica deprê e não se comove com recordações, isto é se for um homem digno do substantivo, tenho certeza que já gastou pelo menos um pouco a sua cota de paspalhice emocional, já que ouviu piadinhas dos “amigos” quando estava cabisbaixo por causa da “falecida”.
Ficou feliz, como um cachorro que ganha um osso, quando ela te ligou, mandou mensagem no cel, msn, orkut etc...
Numa tentativa deseperada mandou flores tentando reaver algo que já não te pertencia mais, ou quem sabe, nunca pertenceu.
Parabéns!
Você viveu, e está aí, pra me dar razão pelo menos em uma coisa: pé na bunda dói pra burro – na testa (algumas vezes), na carne (a maioria) e na alma (quando foi muito especial) – mas sara.
Sempre.
Tadeu Silva. (Copyright2007 Todos os direitos reservados)

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