sábado, 19 de fevereiro de 2011

Match Point...

Geralmente coloco aqui no blog textos de minha autoria, abro a exceção por não ter palavras para descrever o que presenciei...
Um dia muito especial, fui padrinho de casamento de amigos que só conheço há uns 25 anos rs...
Eles namoraram, terminaram e conheceram outras pessoas e casaram e cada um seguiu sua vida. 
Não sei se é coisa do tal do destino, mas depois de 18 anos eles se reencontraram, e mesmo distantes, ela morando em Porto Alegre - R.S e ele em Uberlândia - M.G resolveram dar uma nova chance para o amor.
Na linda cerimônia ecumênica foi citada uma crônica no mineiro Rubem Alves, que sou fã e admirador desse texto que está no livro Retorno E Terno e gostaria de compartilhar com quem ainda não conhece.


Tênis X Frescobol
Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. 
Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. 
Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.
Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente. 
Dizia ele: ‘Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: 
“Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?” 
Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.’
Xerazade sabia disso. 
Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos sentidos. 
Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. 
O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. 
A música dos sons ou da palavra – é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. 
Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. 
E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: 
‘Eu te amo, eu te amo…’ 
Barthes advertia: 
‘Passada a primeira confissão, ‘eu te amo’ não quer dizer mais nada.’ 
É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. 
Recordo a sabedoria de Adélia Prado: ‘Erótica é a alma.’
O tênis é um jogo feroz. 
O seu objetivo é derrotar o adversário. 
E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. 
O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada – palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. 
O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. 
Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. 
Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. 
Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. 
Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. 
E ninguém fica feliz quando o outro erra – pois o que se deseja é que ninguém erre. 
O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir… 
E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. 
Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos…
A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá…
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. 
Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. 
Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:
‘Cena: o marido, a mulher, a galeria. 
O primeiro tem valor e gosta de brilhar. 
A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. 
Desta forma marca constantemente a sua superioridade. 
O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio.
 Exemplo: com um sorriso: 
‘Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo’. 
A galeria torce e sorri pouco à vontade. 
Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: ‘Tens razão, minha querida’. 
A situação está salva e o ódio vai aumentando.
Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão… 
O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. 
Aqui, quem ganha sempre perde.
Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. 
O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. 
Bola vai, bola vem – cresce o amor… 
Ninguém ganha para que os dois ganhem. 
E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim…
Rubem Alves - O Retorno E Terno, p. 51.


Tadeu Silva (Copyright 2011 Todos os direitos reservados) 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ela te deu um fora!!!

Quando o telefone toca, mas ele não se toca e faz tempo que ela sempre não aparece.
O que fazer?
Continuar reclamando, implorando por atenção ou tomar alguma atitude?
Com certeza, a segunda opção é mais madura e sábia, embora alguns ainda insistam na primeira.
"Mas eu não consigo esquecê-la", argumentam.
Claro, se trancando em casa e se isolando do mundo você nunca vai esquecer mesmo!
Confesse, quantas vezes por dia você vigia o Facebook, Orkut dela só para ver quem deixou recados, ou fica offline no Msn só para ver se ela entra.
Um dos nossos grandes problemas é esperar que os sentimentos mudem para depois mudarmos as atitudes, mas não é assim que funciona.
Aí vem aquele velho discurso:
"Eu ainda insisto porque amo de verdade".
Opa, espera aí, a única verdade é que você vai amar enquanto insistir!
Primeiro mude suas atitudes e quando perceber seus sentimentos terão naturalmente se transformado.
Experimente deletá-la do Facebook, Orkut, Msn, apagar o celular da agenda, não tocar mais no nome dela (você consegue!), não procurar saber dela e seguir sua vida, fazer um curso de idiomas, sair, viajar, ir ao cinema (nem que seja sozinho), se tornar uma bela companhia a você mesmo.
Duvido que em pouco tempo você nem vai lembrar daquela de quem um dia você chegou a sentir saudade.
Transforme-se e mude, ao invés de ficar lamentando o que não deu certo.
O problema às vezes não é o caminho, mas o nosso modo de caminhar. Escolha um novo jeito de chegar lá, mas continue com o mesmo destino: o amor, a felicidade, e tudo de bom que você merece e vai buscar!
Seja feliz quando estiver triste, a alegria existe para curar a tristeza, o amor existe para a solidão, sorria quando quiser chorar, ser alegre quando não se está alegre é saber dar a você a coisa certa no momento em que você mais precisa.
Lembre-se de você e esqueça de vez de quem só lembra de te fazer sofrer.
Mesmo que quem você ama suma, e, às vezes, reapareça para fazer a "manutenção", podar o sentimento na plantinha que cultiva em você, esqueça e lembre-se: essa pessoa não vai mudar, quem nunca te deu valor não vai passar a dar do dia para a noite, praticar ingratidão e indiferença também são indícios do caráter de uma pessoa, e caráter, índole, não se muda, não se altera.
Ela sabia o tempo todo o que estava fazendo com você, então, mude, dê a volta por cima!
Tenha coragem para largar o que ela nunca fez questão de ter realmente.
No entanto, não jogue tudo dela fora.
Salve aquelas mensagens inacreditáveis que ela te enviou, mantenha as ligações nas chamadas não atendidas e doe seu celular para um museu.
Sim, tenha fé!
Um dia a humanidade estará livre dessas vadias, desculpem o termo, e qualquer coisa desse tipo de gente será relíquia.
Quem sabe um dia esse tipo de pessoa covarde vai entrar em extinção e eu imploro: não faça nada para preservar esta espécie.
O planeta agradece!
Tadeu Silva (Copyright 2011 Todos os direitos reservados)