terça-feira, 15 de novembro de 2011

20/11 de 2011 - Homens Auspiciosos...

Depois de falar sobre as mulheres auspiciosas, agora quero falar sobre os homens auspiciosos, com a mesma questão em mente. 
Os homens podem viver bem e felizes, mesmo sem estarem comprometidos, em um relacionamento afetivo?
Muitos homens, por hábito ou carência, acabam preenchendo o vazio afetivo que lhes oprime o peito com pessoas que não os tocam de verdade. 
Outros, no entanto, cansados de relações superficiais, buscam encontros mais profundos e acabam tendo de aprender a viver só enquanto não encontram o que de verdade buscam.
Exigentes, não querem ao seu lado apenas uma mulher que supra o buraco da tão conhecida carência. Desejam uma parceira de vida, que os estimule, que os façam crescer, que os ajudem a extrair o que há de melhor em si mesmos. Tal busca leva tempo, um tempo que permite a cada ser humano o repouso necessário para que seu melhor venha à superfície, como acontece com os vinhos que após certo tempo de repouso, manifestam um sabor que agrada muito mais ao paladar.
Se é uma verdade que não é difícil para um homem encontrar uma companheira hoje em dia, também é verdade que os encontros mais significativos não são tão comuns assim. 
Muito se ouve falar nas dificuldades que as mulheres têm em encontrar um parceiro, mas pouco se fala da dificuldade que muitos homens encontram também para encontrar parceiras que os façam ter força e desejo de enfrentar todas as dificuldades e desafios que fazem parte de um relacionamento.
Quando somos jovens todos temos a sensação de que encontraremos pessoas maravilhosas, nos apaixonaremos e viveremos lindas histórias de amor sempre que quisermos. 
A maturidade, no entanto, nos ensina, homens e mulheres, que os encontros mais profundos e significativos são raros. 
Muitas vezes, ao fim da vida, podemos contar nos dedos de uma única mão os relacionamentos amorosos que verdadeiramente tocaram nossa alma, as pessoas que de fato fizeram a diferença.
Para esses homens corajosos, que aprenderam a não temer a solidão e que desejam mais qualidade em seus vínculos, viver só torna-se uma etapa inevitável e por que não, prazerosa, de suas vidas. 
Talvez encontrem o que procuram, talvez não, essa é a verdade que muitos tentam evitar. 
Assim, que sejamos todos, homens e mulheres, capazes de seguir pela vida em paz, seguros da beleza de nossa própria companhia. 
Que façamos, desse encontro com nosso próprio ser, nosso porto seguro e nossa morada.
Que possamos permanecer abertos para os encontros significativos, sem a ansiedade e desespero que vejo na atitude de tantas pessoas. 
Sem que a busca de um relacionamento seja guiada pelo medo da solidão e sim pelo desejo lícito e válido de amar melhor.
Precisamos aprender a fazer as coisas sem pressa, a envelhecer como os mais deliciosos vinhos que, em seus barris de carvalho, não temem a solidão.
Tadeu Silva (Copyright 2011 Todos os direitos reservados)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Mulheres Auspiciosas


Vejo ao meu redor muitas mulheres auspiciosas, lindas, cheias de vida, bem resolvidas, amorosas, inteligentes, interessantes... 
No entanto, apesar de tantas qualidades, algumas delas ainda encontram-se sob uma espécie de autocobrança: a obrigação de encontrar um parceiro.
Não me levem a mal, sem a intenção de dizer que elas agora tenham que viver sozinhas, abandonar o desejo de dividir suas vidas com alguém que as permitam expressar toda a sua feminilidade, o lado doce, suave, amoroso, materno. 
O que é nocivo, a meu ver, é essa cobrança absurda de que esse seja o único caminho considerado bem-sucedido. 
Anos se passaram, e algumas mulheres continuam com medo de ”ficar para titia”. 
Estar só, hoje em dia, não tem nada demais.
Mulher sozinha muitas vezes têm mais amigos, mais divertimento, mais estímulos, mais companhia e até mais sexo do que muitas que vivem um relacionamento estagnado. 
Quão mais felizes seriam algumas compreendessem isso, e perdessem esse medo que as assombra, de “terminar só”.
Muitas mulheres, tomadas por uma carência enorme e impactadas pela idéia de que não ter um homem ao seu lado seria uma espécie de fracasso, ainda acabam aceitando se relacionar com homens que as tratam como objeto e muitas vezes desrespeitosa. 
Outras, no entanto, estão buscando uma forma mais justa de se relacionar. 
São mulheres que tem conseguido ser fiéis a si mesmas, que desejam um relacionamento afetivo, “desde que esse seja saudável”. 
Buscam parceria, troca, honestidade, cumplicidade, parceiros maduros que assumam, ao seu lado, a responsabilidade de tornar o relacionamento um espaço de ajuda mútua e crescimento.
Muitas dessas mulheres estão sozinhas, pois têm se recusado a entrar em um relacionamento só para dizer que tem alguém. 
Percebo que cada vez mais que elas estão se dando conta disso. 
Já existem muitas vivendo vidas satisfatórias e felizes, elas se realizam profissionalmente, têm amigos, fazem o que gostam, desfrutam com alegria de seu tempo, perderam o medo do falso fantasma da solidão.
Algumas têm filhos de relacionamentos anteriores e vivem a maternidade de forma intensa e bela.
Com tanta riqueza de possibilidades, fico aqui torcendo para que elas sejam capazes de continuar sua caminhada, tornando-se mais conscientes, mais sábias e mais amorosas a cada passo. Que não abandonem a si mesmas.
Que saibam fazer escolhas baseadas no que lhes diz sua alma, e não nos mandamentos da sociedade que as aprisiona a papéis e instituições que muitas vezes roubam sua alegria.
Torço para que, caso exista dentro delas um desejo lícito e belo de amar e serem amadas, que não desistam dele.
E se em sua caminhada encontrarem alguém que seja merecedor e com quem queiram compartilhar essa mágica viagem, que possam abrir espaço em suas vidas para esse companheiro.
Se não, que sigam de cabeça erguida, desfrutando de cada passo, aprendendo que é possível viver bem na sua própria companhia, confiantes de que o importante é que tenham a si mesmas, sempre, até o final.

Tadeu Silva (Copyright 2011 Todos os direitos reservados)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

11/11/11 - Às vezes você tem que esquecer o que quer, para começar a entender o que merece.

- Uma pessoa sente-se atraída por outra e vai em sua direção. 
Mas se a outra corresponde, deixa de ser interessante.
Ou talvez você já tenha ouvido, ou dito, frases assim:
- Eu só me interesso por pessoas quando elas não se mostram muito interessadas em mim.
- Quando alguém mostra gostar muito de mim, perco o interesse
O que seria dos filmes e novelas da Globo sem essa inspiração para seus roteiros? 
O que seria dos dramas e músicas de dor-de-cotovelo? 
O que seria dos jogos que as pessoas inventam para manipular umas às outras?
No cinema pode até ser interessante, mas na vida real não existe nada mais triste. 
Essa característica das pessoas as obriga sempre a viver a frustração do desencontro, as aprisiona em um deserto solitário, onde o que motiva os movimentos é a ilusão do oásis que nunca pode ser alcançado.
Existem ao menos alguns motivos que levam as pessoas a agirem assim.
Rejeitar quem nos quer e desejar quem não nos quer, é uma forma imatura e infantil de relacionamento. 
Ora, em nossa imaturidade desejamos ter aquilo que idealizamos. 
Acredito que essa seja a base da paixão. 
Desejar aquela pessoa mágica e encantadora, sobre-humana, perfeita, que nos aceite incondicionalmente e supra todas as nossas faltas e carências, que nos complete, que nos faça sentir “um”. 
É claro que sabemos, racionalmente, que isso não existe.
Mas aqueles que querem viver apaixonados negam essa realidade. Quando veem alguém ao longe, como se a pessoa fosse uma tela em branco sem contornos, projetam nela tudo o que gostariam de encontrar.
Isso funciona desde que a pessoa esteja longe ou inacessível. 
A distância permite que eu continue a acreditar que aquela pessoa é exatamente como imaginei. 
Se ela se aproxima, se ganhamos intimidade, eu começo a enxergar suas formas reais, muitas vezes diferentes do que eu tinha imaginado, então eu a rejeito.
- Não quero a pessoa real, de carne e osso... 
Quero aquilo que criei em minha mente, quero a pessoa inventada. E para manter a pessoa inventada nunca posso ter a pessoa real...
E assim se escrevem roteiros e mais roteiros de amores platônicos por pessoas inacessíveis, Romeus e Julietas, e histórias nas quais abandonamos quem mais nos ama, pois não suportamos a proximidade nua e crua que o amor nos traz.
No final não é o amor do outro que não suportamos, e sim a percepção de nossa própria incapacidade de amar. É preferível viver só, na ilusão de que um dia encontraremos o amor perfeito, do que aceitar que nosso coração é que ficou congelado e não é capaz de suportar uma relação real. 
Pode ser duro ouvir isso, mas não há possibilidade de se criar uma vida afetiva saudável sem que se encare esse assunto de frente e com coragem.
Outro aspecto contido nesse círculo vicioso que nos leva a rejeitarmos quem de fato nos ama é a nossa baixa autoestima. 
Ora, se não gostamos de verdade de nós mesmos, se não achamos que somos pessoas bacanas, se negamos nosso valor... 
Com certeza não iremos valorizar quem gosta de nós.
- Se ela gosta de mim que sou "uma droga" é por que deve ser "uma droga" também - é mais ou menos assim que funciona.
Se nos amássemos de verdade, se nos considerássemos brilhantes como pedras preciosas, admiraríamos aquela pessoa que nos quer ter, admiraríamos sua capacidade de enxergar nosso brilho em meio a tanta escuridão e a veríamos brilhante também. 
E assim, como consequência dessa consciência mais elevada, nos permitiríamos esse encontro que pode ser tão profundo e transformador. 
E nos permitiríamos simplesmente viver o amor, o amor real, de carne e osso, qualidades e virtudes, imperfeito, mas verdadeiro, que não é feito de duas metades que se completam e sim da linda dança de dois seres inteiros que se apoiam e ajudam a crescer mutuamente.
O encontro amoroso sem medos, de braços abertos, coração com coração, um peito colado no outro numa entrega mútua não é para todos, acreditem. 
Há que se ter maturidade, coragem e uma boa dose de amor próprio para que ele se torne real.
Às vezes você tem que esquecer o que quer, para começar  a entender o que merece.
Tadeu Silva (Copyright 2011 - Todos os direitos reservados)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

1/11/11 - P.e.r.f.e.i.ç.ã.o

Se antes as pessoas suportavam coisas demais em nome do amor, até mais do que deveriam, mais do que seria saudável; hoje nada suportam. 
Basta uma palavra aparentemente inadequada ou mal colocada, um gesto mal cuidado, um erro, uma roupa desencontrada, um sapato mais brilhante do que supostamente deveria ser, e o outro já é descartado. 
Não se aceita nada menos do que a perfeição. 
Para desistirmos de alguém basta perceber que esse alguém é de carne e osso e que, além de alegria, sente também tristeza; basta descobrir que o outro, como qualquer ser humano, tem problemas, dificuldades, se afastando do ideal de perfeição tão cuidadosamente traçado. 
Hoje em dia descartamos as pessoas como se faz com brinquedos estragados em uma linha de produção. 
Queremos que tudo seja rápido e absolutamente perfeito. 
Não há mais espaço para a conquista sadia, para o caminho de conhecimento mútuo que acontece aos poucos, para a parceria, para a construção conjunta. 
Queremos o produto acabado e sem defeitos. 
Não há espaço para que o amor possa acontecer. 
As avaliações são superficiais, afinal não temos tempo a perder. 
- Ou serve ou não serve! 
E se achamos, após algumas horas e um tanto de impressões superficiais, que aquela pessoa não serve, a jogamos fora, como fazemos com os arquivos da lixeira de nosso computador. 
Apertamos a tecla "Del" e seguimos em frente sem nem mesmo olhar para trás, muitas vezes deixando um rastro desastroso por nosso caminho. 
Não é de se estranhar ver tanta gente sozinha. 
Cada vez mais aumenta o número de pessoas insatisfeitas no amor. 
São homens e mulheres, em sua maioria gente bacana, tentando encontrar alguém com quem possam compartilhar o que tem de melhor. 
Mas, como uma ironia do destino, mesmo quando duas pessoas bacanas se encontram, acabam não tendo tempo de perceber isso. 
Estragam as coisas antes mesmo que as coisas tenham tempo de existir. 
A pressa, a ansiedade, a falta de paciência, são como uma foice, cortando o brotinho que ingenuamente se dispunha a crescer. 
Por que fazemos isso? 
Creio que nunca estivemos tão assustados como agora. 
Temos medo. Não apenas do outro, mas temos medo de nós mesmos, medo de não sermos capazes de atingir a perfeição autoexigida. 
Temos medo de que, ao entrarmos em um relacionamento, enxerguemos no outro (que é como um espelho gigante), as nossas próprias imperfeições. 
E para não quebrarmos essa ilusão de que somos perfeitos, nos mantemos longe dos espelhos, longe dos relacionamentos. 
É preferível acreditar que o problema está no outro. 
É o outro que está gordo demais, ou é inteligente de menos, ou usa roupas feias, ou cheira a mel estragado, ou sei lá o que mais formos capazes de inventar. 
Tudo para nos afastar da possibilidade de olhar para nossas próprias falhas e feridas. Se o amor não é perfeito, muito menos somos nós. 
Só quando aceitarmos a nós mesmos exatamente como somos, essa linda somatória de qualidades e defeitos, seremos capazes de abrir nosso coração para uma pessoa de verdade, de carne e osso, dessas que nem sempre combinam com as páginas de revistas ou personagens românticos de filmes e novelas. 
Enquanto isso, continuamos trancados, fechados para o amor, atropelando as pessoas bacanas que tanto queremos encontrar, sem nem mesmo perceber a nossa responsabilidade no rastro de destroços que deixamos para trás.
Tadeu Silva (Copyright 2011 Todos os direitos reservados)