sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Pearl...


Recentemente lendo sobre curiosidades, deparei-me com uma reportagem que me deixou pensativo.
Falava sobre pérolas, gemas valiosíssimas entre tantas outras pedras preciosas.
Muitas lendas cercam as pérolas, os hebreus acreditavam ser elas, as lágrimas vertidas por Adão e Eva depois do crime do filho Caim.
Já para os romanos, as pérolas seriam os choros das ninfas, que depois eram consagradas a Vênus por ter esta Deusa nascida no mar.
Os Orientais acreditavam ainda serem as pérolas o fruto do casamento da ostra com o orvalho.
Enfim, as lendas por serem sempre a parte lírica e romântica de algum fato, deixaram traduzidas e impressas a admiração por esta gema preciosa, e acreditava-se ainda, que ela protegia a inocência e era símbolo de pureza.
Mas meus pensamentos se voltaram para uma frase que dizia...
“As pérolas são os frutos da dor.”
Quando um grão de areia penetra, as células do nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas para proteger o corpo indefeso da ostra.
Fiquei por dias refletindo sobre as palavras lidas, e concluí ser uma verdade.
Se eu passar a vida me protegendo como uma simples ostra, se não me arriscar, se não tentar um novo desafio, se viver fechado e protegido, se for omisso serei apenas mais um molusco a povoar os mares, não terei nenhum valor, nada terei produzido.
A concha de uma ostra é feia e sem atrativos, mas em seu interior brilha do nácar que o reveste, pronto a produzir uma jóia rara.
Se eu quero deixar algum ensinamento precioso, ou fizer valer os meus dias de ostra, é necessário que eu abra a minha concha e permita que os grãos de areia nela penetrem, mesmo sabendo que neste processo sentirei muita dor, só assim produzirei uma pérola.
Então terei feito alguma coisa que terá valido a pena, pois aquela gema valiosa não irá desaparecer comigo, se perpetuará como ensinamento.
Porém para que isso ocorra, é necessária grande coragem e boa vontade, de cobrir aqueles grãos com muitas camadas de amor, deixa-los ferir nossa alma, e depois lapida-los até que se transformem em algo realmente valioso.
Não há como negar que é necessário todo um processo para que haja um resultado.
Os grãos da areia branca e macia, que por vezes achamos inofensivos, entram em nossas vidas e tentam nos destruir, causando-nos muita dor, mas a sabedoria que adquirimos com o tempo, faz-nos reverter este mal em ensinamentos.
Quem de nós já não foi traído de alguma forma?
Quem de nós já não se desiludiu?
Quem de nós já não verteu lágrimas durante esta trajetória?
Lembre-se apenas de que uma ostra que não foi ferida, não produz pérolas.
Pois uma pérola nada mais é, que uma ferida cicatrizada.
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Ps. A foto é o cartaz do filme marcante que retrata a história do quadro "Girl with a Pearl Earring" (Moça com brinco de Pérola) pintado pelo holandes Johannes Vermeer (1632/1675).
No papel de Vermeer temos Colin Firth e Scarlet Johnson, embora o filme não tenha muito ‘texto’ ou seja diálogo, entende-se bem a história.
Narra nas entrelinhas a paixão fulminante do pintor pela empregada.
A fotografia é fabulosa, bem como a trilha sonora, um filme rodado na Holanda e que deixa as mais romanticas com os corações aos pulos.


Tadeu Silva. (Copyright2009 Todos os direitos reservados)

domingo, 20 de setembro de 2009

Saudades...


Bom, hoje resolvi falar de saudade!
Não porque esteja sentindo, e na verdade nem é tanta.
Só pra falar mesmo...
(Estava pesquisando sobre a origem da palavra e apontou para algo curioso, a palavra "saudade" é a sétima palavra de mais difícil tradução)
É um dos poucos sentimentos com que conseguimos conviver por muito e muito tempo, sem modificar, sem matar, sem arrancar pedaço.
Porque saudade não tira pedaço e sim é a falta de um pedaço que não temos mais.
Saudades de pessoas, de um tempo, de alguém que nunca mais vai voltar (ao menos nessa vida), de um abraço, de um sorriso, de uma conversa.
Às vezes dói, machuca, mas muitas vezes é tudo que nos resta de algo, é a saudade!!!
Amor, alguns poucos podem dizer que vive um amor eterno.

Por favor, não conta amor de mãe!
Tristeza, pode durar um pouco, mas ninguém aguenta ser triste por muito tempo.
Assim também é a alegria, o entusiasmo, o medo, o rancor e também deveria ser o ódio.
Todos passam logo!
Na verdade, é o que mais sentimos ao longo de nossa vida: saudades!!!
Afinal, a gente só tem saudade do que é, ou foi bom.
Nem ao menos precisamos ser correspondidos.
Sendo assim, só posso concluir que a saudade tem lá suas maravilhas.
Em alguns casos aumenta o desejo, o carinho, o apreço, o respeito.
Fortalece o que é verdadeiro, põe à prova.
Se resiste, a saudade passa e tudo acontece outra vez.
Um encontro, uma conversa, um abraço...
Que depois dará espaço novamente para a saudade!
E é saudade de umas horas, uns dias, uns meses, uns muitos anos até.
Saudade é sempre saudade.
Às vezes é ruim sentí-la, mas pior é quem não pode tê-la!


Tadeu Silva. (Copyright2009 Todos os direitos reservados)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

1 + 1 = 2 ? - Matemática do Amor.


Interessante como percebemos que a temática sobre o amor nunca sai de moda, vira e mexe, falamos nisto, adultos, adolescentes, pessoas da melhor ou pior idade que seja, mas é um tema que será eternamente atual e merece consideração.
É preciso cuidado quando refletimos sobre este assunto, pois tenho visto muitas feridas abertas por este sentimento, e que insistem em não cicatrizar.
( Já tratei desse assunto num texto anterior: Vida, História, Tempo, Problemas, Alegrias, Amores... http://tadeu2one.blogspot.com/2007/07/vida-histria-tempo-problemas-alegrias.html )
Sim, insistência é a palavra certa, pois em muitos casos, as pessoas simplesmente se negam a aceitar que o amor se foi, e em uma luta desesperada contra o seu amor próprio que foi extremamente ferido, sempre culpa o parceiro pelas desilusões e pelos erros da relação amorosa. Mas a coisa não funciona bem assim.
Sempre insisto em dizer que o primeiro amor tem que ser por nós mesmos, todo respeito que cobramos de um parceiro, devemos ter pela nossa pessoa, que teoricamente é a mais importante em nossa vida.
Não é uma questão de egoísmo, e sim de competência para um futuro sucesso amoroso.
Se partirmos do princípio que uma relação amorosa não é uma equação matemática, compreenderemos que 1 + 1 = 2 na verdade é uma mentira.
Em um relacionamento, 1 continuará sendo sempre 1 independente de existirem 2 em um mesmo espaço.
Se conseguirmos ver sob esta ótica, veremos que existe uma real possibilidade de se ter um verdadeiro amor.
Um grande amor não é alguém que se perdeu, e sim, alguém que ainda não se encontrou.
E não se anime, pode ser que ele nunca apareça, vai depender muito da maneira como você aprendeu a se amar, somente assim conseguirá ter compreensão com a maneira que seu parceiro a ama.
Corriqueiramente cobramos um carinho explícito, aquele que podemos ouvir, ou sentir.
Mas é um erro, este pode simplesmente ser uma paixão mascarada.
É necessário que saibamos reconhecer que, o verdadeiro carinho pode estar nas entrelinhas e não no soneto em si, e a sabedoria de distingui-lo, somente conseguiremos, observando como declaramos o nosso amor.
Não é fundamental verbalizar as palavrinhas mágicas, e sim que elas sejam declaradas em cada olhar, em cada pequeno gesto, em cada lágrima de solidariedade, em cada ato de defesa que demonstramos aos que realmente amamos.
Quando aprendemos a identificar estes pequeninos detalhes em nossa própria existência, fica mais fácil visualizar o que poderia ser verdadeiramente amor.
Por vezes em nossa vida deixamos passar pessoas que poderiam dedicar-nos este sentimento, mas que não eram agradáveis ao nosso gosto estético, claro, porque quando somos jovens apenas enxergamos a beleza exterior, aquela que acende o tal fogo da paixão, não temos ainda maturidade para reconhecer a beleza que manterá esta chama acesa pra sempre.
Choramos, gritamos e esperneamos quando o “grande amor” vai comprar um maço de cigarros e nunca mais volta.
Sofremos e fazemos questão de mostrar ao mundo que fomos rejeitados, buscamos a piedade para que nossa parcela de culpa nesta desunião, se cale.
Mas ela esta lá, e não tem como fugir disso, não existe relação que termine por culpa de uma só parte, neste caso a matemática funciona rs... 50% para cada um na contagem dos erros cometidos.
É quando percebemos que na verdade 1 + 1 = 0, ou seja, que aquelas duas partes que nunca se somaram, transforma-se na metade de um grande nada, e assim acaba o que nunca realmente existiu.
Acredita-se que as mulheres são as que mais sofrem de desilusões amorosas, outro grande engano, os homens sofrem muito mais, a mulher tem uma capacidade inata de superação quer seja física ou psicológica, o homem não, este esconde a dor e a fragilidade por trás de sua virilidade, o que não significa necessariamente que ele seja feliz. Bem ao contrário.
Ao longo da vida deparei-me com pouquíssimas mulheres que não superaram uma perda amorosa, em compensação conheci homens, que jamais a superarão.
Assim, depois de decorrer sobre este assunto tão complexo, lhes digo com certeza, que encontrei o meu grande amor, mora onde eu moro, usa as minhas roupas e todo dia me olha através do espelho, sorri e diz que sou a pessoa mais importante deste meu mundo.


Tadeu Silva. (Copyright2009 Todos os direitos reservados)

Solidão não é doença, é escolha.


Depois de muito tempo cheguei a esta triste conclusão, sim triste, pois não podia mais atribuir a ninguém a culpa por me sentir solitário, afinal, as pessoas estavam ali, como sempre estiveram, eu é que havia me mudado de lugar, havia me recolhido inesperadamente da vida, no meu casúlo e sem morrer.
Isto acontece às vezes, pelo menos comigo, me sentir completamente só em meio a uma multidão.
É bom?
É ruim?
Não sei, já foi muito bom, quando o momento havia sido determinado por mim para ser um momento de introspecção.
Mas já foi ruim, e muito, naqueles momentos que busquei a todos e nenhum deles me fazia sentir presença alguma.
Nestes momentos eu parei, e pensei...
Porque a solidão é necessária?
E ela é, pode acreditar, é o único e mágico momento que você é sincero de verdade, pois não existe platéia a te julgar.
Nestes momentos podemos fazer aquela dolorosa reavaliação da vida...
E descobrir que somos humanos, falhos e pequenos...
Mas esta verdade é só nossa, nestes infinitos momentos de solidão, que são tão íntimos.
Quantas contas, em débito já não me cobrei.
Quantas mentiras já não me censurei.
Quantas oportunidades perdidas já não chorei.
A vida é um grande jogo, sem vencedores e sem vencidos.
Ganhamos umas e perdemos outras.
O resultado independe do placar, ganha quem aprendeu, perde quem acredita que ganhou.
E assim continuamos nesta estrada comprida, que esperamos nos leve a plenitude, ou seja, a somatória de todas as nossas experiências já vividas.
Quanto mais o tempo passa, mais nos afastamos das pessoas, mais nos damos conta de que a verdade não esta neles, e sim em nós mesmos.
A solidão pode parecer alguma coisa assim que dói, mas na verdade a solidão é algo que cura.
Cura-nos do egoísmo, da prepotência, da angústia.
Pois é nela que reencontramos a criança que já viveu em nós.
Encontramos a adolescente vivaz que dominava o mundo.
Encontramos a mulher que se fez mãe.
E por fim depois de tanta luta e desprendimento, encontramos o que realmente somos.
Pode não restar muito tempo para que os antigos amigos nos vejam como realmente somos, mas isso não importa.
O importante é que possamos tomar posse desta maravilhosa presença de nós mesmos, que possamos ser necessários.
Que todas as nossas lutas sejam reconhecidas.
Que nossa coroa de louros não passe de um simples passar de mãos em nossas cabeças.
Que nossas vitórias sejam gritadas apenas em nossos ouvidos como um sussurro de agradecimento.
Agradecimento ao tempo que nos sentimos solitários e procuramos ser pessoas melhores, não para "alguém" em especial e sim para nós mesmos.


Ps. "Solidão não é o mesmo que estar desacompanhado. Muitas pessoas passam por momentos onde se encontram sozinhas, seja por força das circunstâncias ou por escolha própria. Estar sozinho pode ser uma experiência positiva, prazerosa e trazer alívio emocional, desde que esteja sob controle do indivíduo.
Solitude é o estado de se estar sozinho e afastado das outras pessoas, e geralmente implica numa escolha consciente, não significando, propriamente, estado de solidão.
Pode representar o isolamento e a reclusão, voluntários ou impostos, porém não diretamente associados a sofrimento.
Pode-se lembrar, como estado de solitude, do período em que Jesus se isolou para reflexão."

Tadeu Silva. (Copyright2009 Todos os direitos reservados)