sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Ando tão feliz!!


Já dizia o poeta, em conversa com um passarinho que chegava a sua janela:
- Se vieste aqui a procura de um verso, ide embora, não sou mais poeta, ando tão feliz!!
Muitas vezes escrevi aqui neste espaço, tão meu que não divulguei-o com afinco para ninguém. As palavras surgiam fáceis em minha mente, a inspiração brotava como gotas de suor. Um suor denso, carregado, triste. Um suor que me era praticamente roubado da pele.
Eu simplesmente deixava ele ser expelido.
Colocava para fora tudo o que estava me fazendo mal de alguma forma naquele momento. As vezes ficava um texto bom, alguns confusos demais, outros ainda, ficavam meio que ridículos, mas eu os colocava aqui, porque era algo de momento, algo que fazia sentido, ao menos para mim.
A inspiração sumiu, tão logo os meus problemas clarearam. Eu impus luz as minhas manhãs. Abri as cortinas, mesmo sabendo que o sol faria arder os meus olhos, mesmo sabendo que o calor me seria incômodo. Deixei a luz entrar no meu pequeno mundo escuro pois não agüentava mais viver na escuridão, acho que todos devemos nos dar uma chance de vez em quando.
Por enquanto, estou vivendo o lado bom desta claridade adquirida.
A felicidade não me deixa mais escrever textos tão melodiosos e sombrios.
Que posso fazer?
Ando tão feliz!!
Tadeu Silva. (Copyright2007 Todos os direitos reservados)

domingo, 2 de dezembro de 2007

Felicidade para quem?


Naquele instante eu pude perceber que algo havia sido destroçado. Ela que antes parecia gostar tanto dela, hoje mostrava-se indiferente. Monossílaba, sarcaz, era uma outra pessoa que estava alí, diante de nós. Não sei bem ao certo o que aconteceu para deixá-la tão distante, ela simplesmente mudou, trocou de personalidade como quem troca de roupa. Deu um aspecto mais comportado e sério ao seu vestuário. Despiu-se da irreverência e do belo sorriso que sempre carregava consigo onde quer que fosse e com quem estivesse. Talvez tenha lá os seus motivos, pode ter passado por uma situação que a deixou totalmente surpresa e que o tenha ferido muito. Sei lá, pode ser que ela não queira sofrer ou se machucar novamente, por isso agora só anda se puder sentir os dois pés bem firmes no chão. Impossibilita e evita qualquer chance que lhe aparece de poder voar, de ir mais além, de experimentar sem medos. Criou uma barreira que por vezes tenho a nítida impressão de que é intransponível e inquebrável. Nas poucas vezes em que sentí que eu poderia atravessá-la, encontrei uma outra sucessiva, que era ainda maior que a primeira. Ela perdeu o que havia de melhor nela, ela mesma, sem máscaras, sem novas roupagens, sem novo dicionário ou etiquetas. Talvez nem queira encontrar-se ou deixar-se encontrar novamente. Prefere fingir a sua felicidade arranjada e viver de interpretações e personagens.
Diz que está feliz, mas como pode ter tanta certeza se talvez nunca chegou a conhecer a felicidade? Quem sabe um dia ela consiga dar-se uma chance e então compreender aquilo que tantas vezes tentei explicar-lhe. Ninguém é feliz de fato até se encontrar, felicidade é algo que está muito mais além do que os nossos olhos são capazes de enxergar e a nossa mente é capaz de imaginar.
.
Tadeu Silva. (Copyright2007 Todos os direitos reservados)

sábado, 1 de dezembro de 2007

Um, mas não o mesmo.


Estranha esta vida, muitas vezes nos prendemos ou nos sentimos presos e dependentes de pessoas, situações, conceitos, pensamentos, e tantas outras coisas. Achamos que tudo isso faz parte do nosso ser, da nossa personalidade, mas nos deparamos com a verdade em certo ponto de nossas vidas. Somos seres em eterna mutação, não podemos achar que somos os mesmos, o tempo passa, adquirimos novos conceitos, novas experiências. Insistimos em dizer que mudamos, mas permanecemos com a mesma essência, triste balela. Mudamos e deixamos o que fomos um dia para trás, é assim que funciona o amadurecimento pessoal. Nunca seremos iguais ao que éramos antes, a própria palavra já nos diz tudo, éramos, passado, passou, ficou para trás. Não devemos nos envergonhar de sermos mutantes, não devemos dar importância ao que os outros nos dizem, quando nos chamam de volúveis, quando nos acusam de falsidade, devemos sim ter pena desta pessoa que ainda não acordou para a verdade e que vive se enganando, achando que permanece igual ao que sempre foi. Não devemos cobrar aquilo o que não entendemos ou que não temos. Só tenho agora uma certeza...
NINGUÉM É INSUBSTITUÍVEL!!!!
E como é bom descobrir isso!
Tadeu Silva. (Copyright2007 Todos os direitos reservados)