domingo, 2 de dezembro de 2007

Felicidade para quem?


Naquele instante eu pude perceber que algo havia sido destroçado. Ela que antes parecia gostar tanto dela, hoje mostrava-se indiferente. Monossílaba, sarcaz, era uma outra pessoa que estava alí, diante de nós. Não sei bem ao certo o que aconteceu para deixá-la tão distante, ela simplesmente mudou, trocou de personalidade como quem troca de roupa. Deu um aspecto mais comportado e sério ao seu vestuário. Despiu-se da irreverência e do belo sorriso que sempre carregava consigo onde quer que fosse e com quem estivesse. Talvez tenha lá os seus motivos, pode ter passado por uma situação que a deixou totalmente surpresa e que o tenha ferido muito. Sei lá, pode ser que ela não queira sofrer ou se machucar novamente, por isso agora só anda se puder sentir os dois pés bem firmes no chão. Impossibilita e evita qualquer chance que lhe aparece de poder voar, de ir mais além, de experimentar sem medos. Criou uma barreira que por vezes tenho a nítida impressão de que é intransponível e inquebrável. Nas poucas vezes em que sentí que eu poderia atravessá-la, encontrei uma outra sucessiva, que era ainda maior que a primeira. Ela perdeu o que havia de melhor nela, ela mesma, sem máscaras, sem novas roupagens, sem novo dicionário ou etiquetas. Talvez nem queira encontrar-se ou deixar-se encontrar novamente. Prefere fingir a sua felicidade arranjada e viver de interpretações e personagens.
Diz que está feliz, mas como pode ter tanta certeza se talvez nunca chegou a conhecer a felicidade? Quem sabe um dia ela consiga dar-se uma chance e então compreender aquilo que tantas vezes tentei explicar-lhe. Ninguém é feliz de fato até se encontrar, felicidade é algo que está muito mais além do que os nossos olhos são capazes de enxergar e a nossa mente é capaz de imaginar.
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Tadeu Silva. (Copyright2007 Todos os direitos reservados)

Um comentário:

Cássia Valéria disse...

Cheri, vc não tem idéia do qto entendo pessoas que por algum motivo têm tal mudança...e como entendo!
Mas a felicidade são momentos, por vezes pequeninos, mas apenas momentos.
Beijos meu querido,
Val