sábado, 18 de agosto de 2007

Linha 121


Se pudesse comparar a vida com algum objeto, certamente compararia com um ônibus.
O ônibus começa a sua jornada vazio, sem ninguém, e no decorrer da sua trajetória vai enchendo.
Há momentos em que chega até ser impossível que uma única pessoa entre.
Acontece que antes de chegar ao seu ponto final, o ônibus já está vazio de novo, o que não impede que em uma outra viagem ele se preencha novamente.
A vida é exatamente assim.
Viemos ao mundo “vazios”, de conhecimentos, sentimentos e até mesmo de amigos.
No decorrer das nossas vidas, algumas pessoas entram e saem, outras não deixamos que nos conheçam, algumas que já andavam sumidas voltam para nos completar, outras nunca chegam a descer no ponto e permanecem junto a nós até o fim da linha.

Tadeu Silva. (Copyright2007 Todos os direitos reservados)

Dúvidas...


Existe coisa pior do que ter dúvida de alguma coisa?
Eu acho que não...
Ter certeza é bom.
Você age de acordo com aquilo que acredita ser certo.
Você tem certeza do que diz, do que pensa e do que faz.
Mas nem sempre isso é possível.
Às vezes a sua mente é invadida por uma enxurrada de dúvidas, e você fica sentindo-se impotente.
Às vezes as pessoas que estão a sua volta nem percebem, ou ao menos desconfiam, o que vai dentro de você. Te acham perfeito, corajoso, criativo.
Acham que porque você está sempre com aquele sorriso bobo estampado no rosto, você é sempre feliz.
Acontece que você não é feliz.
Até é, mas não como costumam “pintar” a sua imagem.
Você é tenso, desmotivado e medroso.
Convive com medos que ninguém imagina, carrega um peso que é maior do que realmente pode suportar, e se recusa em dividi-lo com alguém.
Às vezes, por alguma razão, você permite-se compartilhar um pouco da sua angústia com alguém, mas depois você percebe que não foi uma boa idéia.
Compreende que acabou destruindo a imagem que você criou em relação a você e a qual as pessoas estão acostumadas a lhe ver.
Você se dá conta de que quebrou um elo importante.
Você provou que também está vulnerável para as intempéries da vida, mostrou que não é tão forte quanto parece que também é obrigado a conviver com os seus medos, que não é tão perfeito quanto parecia ser.
Mas aí já é tarde, você não pode simplesmente retroagir em decorrência do que acabou de fazer, eles já sabem quem você é de verdade, uma farsa? Um ator?
Talvez, mas e quem não o é?
Todos nós somos obrigados a interpretar algum personagem, somos produtos da vida, produtos do meio, vendemos a nossa imagem a todo instante, gostando ou não, somos assim, um retrato que às vezes mostra-se uma cópia fiel do modelo, mas que ainda assim, às vezes sofre alterações, deixando-o irreparável e impossível de revelar.

Tadeu Silva. (Copyright2007 Todos os direitos reservados)