domingo, 10 de fevereiro de 2008

Quando a dor acaba


A dor do amor perdido logo passa.
Mas então outra coisa dói...

Lendo “Uma frase” de Marcel Proust deparei-me com uma beleza e tristeza ímpar na qual resolvi escrever:
“Nesse nosso mundo onde tudo fenece, tudo perece, há uma coisa que se deteriora, que se desfaz em pó até a de forma mais completa, deixando pra trás ainda menos traços de si do que a beleza: a saber, a dor”.
O luto eterno que a dor, a dor da perda de um grande amor.
A gente imagina que vai morrer sem ele.
Como dói aquela ausência.
Como doía a perspectiva de não poder ter nos braços alguém que a gente imaginava ao nosso lado para sempre.
Nunca mais.
E, no entanto quando aquela dor torturadora se vai, vencida enfim pelo decorrer do tempo, o que sentimos não é alívio, mas o vazio e frustração.
É como se pensássemos: o grande amor exige uma dor eterna, um luto no coração até o último dia. Só que a dor como disse Proust, dura ainda menos que a beleza.
E então era o tempo de despedida.
Sem drama.
Compreendi com clareza que a morte da dor amorosa também pode, de uma forma estranha, doer.
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Tadeu Silva. (Copyright2008 Todos os direitos reservados)

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